Katana, Muito mais que uma palavra: uma arma. Sua relação com o portador é incompreensível para os ocidentais e algumas vezes também é para os orientais. É a extensão do corpo, e, ao mesmo tempo da alma. Talvez a melhor explicação a se dar é que os samurais davam muito valor a elas, as espadas, por se tratarem de sua vida, ou por vezes a perda dela.
Renato aprendera muitos princípios com sua katana, ou talvez, consigo. Afinal, se a espada representava sua alma ele havia aprendido lições sozinho.
Preparava-se para deixar o Japão. As malas já estavam prontas ele aguardava pelo carro de Kyto despontar na janela. A espada sobre a cama guardada em um invólucro de brim, cheio de ideogramas que ela já havia desistido de ler a tempos; era a peça que ele, naquele momento, mais temia portar junto a si.
Nos últimos dias ele não desgrudou dela e ela por conseqüência trouxe consigo habilidades especiais. A mais intrigante é que já não mais distinguia o que lhe vinha à mente fosse Japonês, Inglês ou qualquer outra coisa, não importava tudo parecia ser o mesmos som e entendimento.
O real problema seria levá-la para fora do Japão; espadas e outras armas brancas não são permitidas em aeroportos, mesmo para um agente secreto. Kyto estava demorando e decidiu melhor descer as malas até a portaria. Já no saguão olhou as horas em um relógio bem grande de uma loja que ficava do outro lado da rua. Estava quase na hora de partir, e nem sinal de Kyto. Decidiu que tomaria o desjejum numa cafeteria próxima, de onde pudesse espiar se o carro de Kyto aparecesse.
Estava a meio caminho andado quando teve um pressentimento.
“É bom não deixar minha espada lá, melhor voltar para pegar”.
Entrou novamente no saguão e para sua surpresa só havia as malas empilhadas e nenhuma espada. Deixara as malas empilhadas e a espada encima, tinha certeza disso. Foi até o balcão da portaria.
— Por favor.
A atendente não se moveu.
—Com licença!
Nenhuma resposta.
Tocou a sineta de cima do balcão; Nada; com mais força; e nada.
—Que falta de educação!
O sangue corria rápido pelas veias, quente e até mais grosso. Ia passar pela porta giratória, mas sentiu um baque. Alguém havia parado bem no meio da porta.
—Meu Senhor! Com licença, o senhor pode se apressar? — Bramiu Renato pelo vão da porta
A pessoa continuou parada.
Sua testa agora estava em chamas. Fez questão de empurrar a porta e arrastar o homem.
Somente do lado de fora que Renato se deu conta do que se passava. Pelo que ele entendeu ou foi decretado o dia de ficar pardo no Japão ou estava tendo um sonho estranho (bem estranho!).
Sua primeira reação foi ficar imóvel. Mas sua atenção foi quebrada:
—Então, tu és o novo portador! —Disse uma voz desconhecida.
Ele se virou. O invólucro da sua espada pairava no ar carregado por um ser que ele nunca vira antes. Não passava de dois palmos e meio de altura. Asas mesclas de libélula e borboleta. Corpo de cor rósea e roupas da mesma cor. Corpo e feições quase humanas, excluindo os dentes que eram serrilhados e olhos cor de rosa. Com toda a força que podia ela segurava a espada com as mãos e com os pés, enquanto voava.
—Portador? Portador de quê?
—Disto que eu carrego. Esta espada.
—Ah! Sim, pode me devolver?
—Hun! Meu objetivo dede o inicio era tomá-la de ti. —Disse o ser.
—E afinal, o que é você? Uma fada?
—Fada é a tua mãe! Eu sou uma Pixie, e embora seja quase a mesma espécie, nós Pixies somos orgulhosas de sê-lo. E meu nome é impronunciável para ti.
—Certo, mas eu tenho que insistir. Devolva minha espada.
—Ou tu farás o que?
Renato colocou a mão dentro do terno no local onde deveria estar o coldre da pistola. Nada.
“Droga. Esqueci que estou sem minha arma”. Lembrou-se então do momento que deixara a arma em cima da mesa do Tenente Saito. Daquele momento em diante acreditava que não seria mais necessária. Fez um movimento rápido para fora do terno e alcançou o invólucro e puxou. No seu puxão trouxe não só a espada, mas também a Pixie que o encarou olho no olho.
—Humano Insolente! Me de isso agora!
—Ou você vai fazer o que? —Respondeu ele em tom de deboche.
—Vou fazer isso— Disse ela largando a espada.
A Pixie começou a voar em círculos sobre a cabeça de Renato dando-lhe socos e pontapés.
—Tome o que mereça Humano Insolente!
“SHINDT”. O som da espada sendo desembainhada rompeu os ares. Renato fez um corte horizontal que, se a Pixie não houvesse recuado muito, cortá-la-ia em duas.
—Estou cansada desses joguinhos— Disse ela estalando os dedos e se subindo com as asas.
—Vai fugir? Ficou com medo do humano insolente?
—Veja se você gosta dos meus amigos...
—Amigos?Que ami...
“BUUMM”, um enorme pé metálico pousa muito próximo de onde Renato esta. Ele Olha para cima a fim de ver o “corpo” de onde provia aquele pé. Não só um, mas dois robôs gigantes estavam parados esperando para atacar.
—Ah! Esses amigos... —Ele responde a própria pergunta. —Bom e agora o que faremos? —Pergunta para seu reflexo na lâmina da espada.
—Ache o coração desses monstros— a imagem refletida responde — Eles provavelmente têm algo parecido. E dê um jeito de arrancar.
—E se não funcionar?
—Solução Tática meu amigo... Corte o que vier pela frente! —A imagem disse soltando um sorriso.
Logo os pés metálicos começaram a bater contra o chão, forçando Renato a se esquivar. Rolava pelo chão tentando ficar nas costas de um deles. Assim que conseguiu, fincou a espada no pé e começou a escalá-lo, intercalando entre fincadas, e escaladas fincadas e escaladas. Quando chegou a uma altura próxima da “coxa” fincou a espada com a lâmina para baixo e soltou todo o peso do corpo, causando um enorme rasgo e tombando o robô. Logo o outro robô percebeu o que se passava e começou a tentar pisoteá-lo novamente. Renato corre com tudo o que pode, chegando ao peito do robô caído. O outro robô dá um belo pisão esmagando totalmente o peito do “colega” que estava não chão. O que foi pisoteado tremeu no lugar onde estava, como se desse seu último suspiro.
—Maldito! Tu achas que é fácil conseguir um destes? —Gritou a Pixie nervosa.
—Você deveria ter pensado nisso antes. Antes de ter mandados eles contra mim.
—Argh! Robô! Mate-o!
O braço do robô se abre na altura do cotovelo e é revelada uma arma enorme que começa a carregar um raio mortal. O desespero toma conta de Renato, não haveria tempo para correr agora.
—E agora espada? O que eu faço? —Disse ele para si mesmo.
—Meu bom amigo... Utilize a Solução Tática... — O reflexo disse calmamente.
—Eu devo estar louco pra confiar em você. — Renato tirou os olhos da espada e dirigiu-os ao robô que já tinha seu raio quase formado. —Que assim seja então.
Ele respirou fundo e preparou-se para receber o impacto (ou para morrer caso falhasse). O robô apontou o cotoco do braço para ele em tom muito ameaçador. Renato coloca a espada na bainha do lado esquerdo preparando para realizar um corte transversal da esquerda para a direita e de baixo para cima. O raio foi lançado, rápido, forte, luminoso, pronto para dizimar o que estivesse pela frente. Renato via e sentia sua rápida aproximação, era o momento, o raio estava próximo.
“SHINDT”.
Novamente o som da espada cruzou os ares, dividindo o raio em dois formando uma camada que parecia um guarda chuva em volta de Renato. Ele segurou firme a espada cortando o raio com muita força. No final ele estava quase sem forças, ele se ajoelhou apoiado sobre a espada.
—Viu... Eu disse que daria certo... — O reflexo disse já esbaforido.
—Você... —respiro— Não fica cansado... —respiro— Como eu...
—Não, na realidade não... Mas eu tive que aquentar toda a força daquele raio, se isso faz você mais feliz...
—Sim —respiro— Um pouco.
Levantou-se, tinha que resolver como se livrar daquele robô enorme ou então estaria frito. Não poderia fugir para sempre, e nem gostaria de fazer.
—Garoto, você fez muito bem. Acho que é hora de eu te ajudar um pouco mais.
—Você poderia ter ajudado antes...
—Mas eu preciso de você também... —o reflexo olha para ele com um olhar sinistro—Me jogue lá em cima e você vai ver o estrago que eu: “Kurogane”, irei causar.
—Kurogane? Então é esse seu nome?
—Quieto! Você quer a minha ajuda sim ou não? Jogue-me lá em cima.
Renato entendeu o recado de Kurogane. Reuniu todas as forças que sobraram de seu combate com os robôs. Jogou com toda a força para cima. Em certa altura ela parou como se tivesse parado sozinha. O sol foi refletido nela e ela brilhou. Como um tiro ela foi e traspassa o peito do robô. Para e retorna novamente como um tiro traspassando agora a cabeça. Parada no ar ela retorna levemente até o lugar onde Renato se encontrava, e se finca no chão.
—Humano Maldito! Vai demorar pra eu arranjar outros robôs gigantes! Você não vai passar impune! Seu... Seu... Portador Podre...
—Portador Podre? Você é... Você é... — Antes que ele pudesse dizer algo ela sumiu. — Sua fada! Ela se foi... É meu amigo conseguimos de novo.
—Desculpe... —respiro— Depois de eu ter lutado sem você fiquei... —respiro— Muito fraco... Me deixe descansar um pouco, sim?
—OK, você fez muito hoje.
A imagem voltou a ser como antes não se mexia e falava por conta própria. Mas quando os problemas pareciam ter acabado, Renato viu pela espada que atrás de dele havia um garoto, ocidental, que olhava para ele. Imaginando o pior ele se virou com a espada em direção ao garoto. Nada. O garoto havia sumido e com ele os dois robôs e os estragos por eles causados. Deixando Renato com cara de bobo. A cidade estava em movimento novamente, como se nada de extraordinário houvesse ocorrido. Ele, parado no meio da rua com uma espada apontada para um carro que buzinava e o motorista gritando em uma língua que nenhum poliglota entenderia (um idiota talvez).
Renato saiu calmamente do meio da rua deixando o motorista falando sozinho. Kyto estava se aproximando com seu carro cinza (novinho) do prédio para pegar s malas. Já na calçada ele imaginava o que seu destino lhe reservava. Mais um inimigo a Pixie, e um que ele não soubera quem era (ou seria um amigo oculto?). Sem saber ele entrou no carro de Kyto, pronto para a partida.
***
—Cataespirros! Eu acho que ele nos viu!— Disse o garoto de cabelos desarrumados se escondendo em uma ruazinha.
Da selva de cabelos surge um chapeuzinho fivelado e uma criaturinha: um leprechaum.
—Deixe de falar bobeiras garoto! Ele não pode nos ver nem nos ouvir... Não estamos no mesmo tempo e nem no mesmo espaço que ele...
—Não sei não... — disse o garoto com um ar desconfiado.
—Ah! Que pena a batalha já acabou. É hora de irmos.
—Mas já? Pense nas possibilidades, podemos comprar uns livros de magia chinesa por aqui.
Um pontapé no couro cabeludo foi o que ele recebeu em troca, deixando-o com a boca um pouco torta de desgosto (e talvez uma dorzinha).
—Não. Já é hora de irmos.
Uma portinha pequena o suficiente para somente o leprechaum se espremer por ela apareceu no ar.
—Ahn! Eu suponho que eu não passe pela porta Cata.
—Devia lhe dar outro pontapé... Você está aprendendo magia pra que? Aumente essa porta!
O garoto com as mãos esticou a porta e ela aumentou de tamanho. Os dois passaram e deixaram Tóquio, para qualquer outro lugar...
Fim...Por enquanto...
Um comentário:
Hey, acabou assim? Cadê a continuação? Vai ter que ter mais, hein?
Interessante, esse conto. Conseguiu juntar os temas absurdos que eu te dei e ainda fez uma homenagem a mim, usando minhas personagens! Fiquei honrado, verdade. A personalidade do Cata e do Loghan mudou um pouco desde a versão que você leu (e Cataespirros se tornou mais que um mero leprechaun. Me orgulho muito da mudança), mas você pegou certinho o jeito dele. Só não sei por que Loghan compraria um livro de magia chinesa no Japão. ^^
Critico apenas a descritividade do texto (será que essa palavra existe?). Sabe? Está descritivo demais. Isso acontece, então isso outro acontece... o texto está "fino". O que ele diz é legal, mas a FORMA precisa ser trabalhada, saca? Precisa de mais corpo. Lembra quando o Fábio nos disse que textos descritivos são enfadonhos? Então... tome cuidado com isso.
Ah! Curti demais o reflexo da espada falando com o Renato. Sério. Lembrou-me Soul Eater, e eu adoro SE! ^^
Prepare-se para o próximo desafio, Battousai! Eu já estou pronto para o próximo conto.
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